terça-feira, 21 de junho de 2016

Um encontro entre mulheres por entre palavras

"Hoje eu serei eu mesma." 
Sendo que tudo o que já fui não mais serei 
e o que virá a acontecer eu nem mesma sei. 
Não sou agora nem o passado nem o futuro, 
então o que é dessa ilusão do presente que me prende num corpo com a falsa pretenção que lhe pertenço, como um ser limitado e militante? 

O curso de uma vida ou só esse momento, 
quantos eus existe em meu corpo animal, 
onde fica a linha que separa meu ser - de tudo mais - que também é?










para viver a espera só tenho as palavras

"Onde eu exatamente me encontro?
O que me surpreende é a impressão de não ter envelhecido, embora eu esteja instalada na velhice.
O tempo é irrealizável.
Provisoriamente o tempo parou para mim.
Provisoriamente.
Mas eu não ignoro as ameaças que o futuro encerra, como também não ignoro que é o meu passado que define a minha abertura para o futuro.
O meu passado é a referência que me projeta e que eu devo ultrapassar.
Portanto, ao meu passado, eu devo o meu saber e a minha ignorância, as minha necessidades, as minhas relações, a minha cultura e o meu corpo.
Hoje, que espaço o meu passado deixa para a minha liberdade hoje? Não sou escrava dele. 
O que eu sempre quis foi comunicar unicamente da maneira mais direta o sabor da minha vida. Unicamente o sabor da minha vida.
Acredito que eu consegui fazê-lo.
Vivi num mundo de homens, guardando em mim o melhor da minha feminilidade.
Não desejei e nem desejo nada mais do que viver sem tempos mortos.”      Simone de Beauvoir

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